topbella

domingo, 7 de abril de 2013

O trecho abaixo apareceu todo escrito dentro de mim, na madrugada passada. Como não atualizo o blog há três anos, deu vontade de colocá-lo aqui (sem nenhuma pretensão:)). Pena que eu não sei o resto da estória...rsrsrs...



- Você não deve me agradecer. Eu faria por qualquer pessoa. Não fez diferença se era você ou um mendigo que dorme na praça. Eu entrei na frente daquela faca por instinto.


Encarei Leonardo, tentando simular toda a frieza que meu coração não sentia. Os olhos dele estavam enevoados. Pela tristeza. De repente, a dor que senti com a apunhalada, e pela qual fui parar na UTI, era uma sombra comparada àquela provocada pelo desapontamento que minhas palavras causaram em Leonardo.


-Ok. Então, não vou continuar aqui fazendo papel de idiota.


Disse essas palavras, num tom carrancudo, virou as costas e saiu da loja. Eu fiquei olhando o vazio, que, logo, resolveu entrar com força para dentro do meu peito. E, em meio minuto, talvez menos, fez com que eu abandonasse meu posto atrás do balcão e corresse atrás de Leonardo. Nossa história teve erros e mal-entendidos suficientes para uma encarnação. Não iria acrescentar mais nada de ruim. Já passara da hora de me entender com o amor da minha vida.


Encontrei Leonardo a dois passos da concessionária onde trabalhava. Antes que eu perdesse a coragem, gritei:


-Eu só fiz o que fiz porque era você. Foi por você. Porque eu não suportaria perdê-lo.


As lágrimas corriam por meu rosto. Sentia cada pedaço do meu corpo tremer. De antecipação. De medo. Do mais puro amor liberado.


Leonardo virou-se lentamente, num filme em slow motion. Quando seus olhos tocaram os meus, eu vi tantas coisas que minhas pernas quiseram amolecer. Tive medo de colocar em palavras o que lia em seu semblante. Era tudo muito bom. Tudo por que eu passei oito anos sonhando.


Ele se aproximou de mim. Eu ainda enxergava em câmera lenta. Meu coração pulsava num ritmo que eu desconhecia. Era forte, cadenciado, esperançoso. Encaramo-nos a um palmo de distância. Então, Leonardo levantou a mão e limpou minhas lágrimas. E, eu fiz o que não aguentava mais evitar: joguei-me nos braços que aconchegaram minha alma. Ficamos abraçados instantes que pareceram carregados de eternidade para mim.


-Eu tive tanto medo de perder você, Isabella.


Ao som dessa doce melodia, eu me separei de Leonardo. Mas não saí de seu abraço protetor. Quis responder qualquer coisa que fosse. As palavras, no entanto, não quiseram sair porque minha boca estava ocupada buscando os lábios quentes do homem que amei por metade de minha vida. Nosso primeiro beijo aconteceu. Finalmente. Depois das vezes incontáveis que fugimos um do outro.


O beijo foi uma explosão de sede, desejo, entrega. Esqueci das pessoas passando pela calçada, das lojas abertas àquela hora, do meu balcão abandonado. Esqueci de todo resto que não fosse Leonardo e eu na entrega alucinante. Aos poucos, nossas línguas foram se abandonando. Relutantes. Loucas por permanecer na dança desenfreada do conhecimento mútuo. Quando nossas bocas se distanciaram, nos olhamos com tudo para dizer, mas não querendo dizer nada. Falar se tornou acessório porque os corações escreveram cada palavra em nossos olhos.

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Criando Estórias
Uma pessoa ultrarromântica, que não sabe viver sem livros ou sem escrever histórias de amor.
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